Em minha simplicidade
Sempre quis ser professora,
Mas destino caprichoso
Quis fazer-me escritora.
Sei que não sou menestrel
Das letras faço o cordel
Numa linha promissora.
Talvez por eu ter nascido
Lá nas brenhas do sertão
Terra berço de cordéis
Esquentei o pé no chão!
Traçou-se assim meu destino
Dando-me logo este tino
De ser malina em refrão.
E em se tratando de livros
Não tinha o que escolher
Os cordéis chegaram cedo
Adoçado o meu viver
De livros era a opção
Despertando uma paixão
Fazendo-me aprender ler.
Meu pai amava os livretos
Cantava e fazia leitura
Nem sei se tinha intenção
De preservar a cultura,
Mas quando pra feira ele ia
Lembro bem, sempre trazia
Bons cordéis e rapadura.
Aqueles gestos tão simples
Serviram de ensinamento
Hoje posso garantir:
Quem tem bom embasamento
Na educação familiar
Um dia vai se gabar
De tanto empedramento.
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