terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Matinta Perera


Amigos peço licença
Para falar de uma lenda,
De uma bruxa horripilante,
Espero que leia e entenda.
Só peço fique bem calmo
Porque a bruxa é horrenda.

É da Matinta Perera
A história que vou contar.
Se você é corajoso
Leia sem titubear!
Pois bruxas são disfarçadas,
E chegam sem avisar.

E se tens medo de bruxa
É bom ficar bem cabreiro,
Pois essa é das que andam
Com um pássaro agoureiro!
E por onde eles passam.
Sempre faz um bom piseiro.

Mesmo quando anda sozinha,
Costuma ser bem danada.
Vira uma rasga mortalha,
E sai fazendo zoada
Gosta de aterrorizar!
É brava e mal educada.

Sabe-se que desta lenda
Existem várias versões.
Uns dizem que é feitiçaria,
Ou a sina de maldições,
Passa de mãe para filha
Por meio de imprecações.

E quando não há herdeira
A bruxa passa a perturbar
Na floresta fica esperando
Uma mulher por ali passar
Daí pergunta: "quem quer?"
E espera ela confirmar.

Se a mulher disser "eu quero"!
Receberá maldição.
Virando assim uma bruxa
Nesta mesma ocasião,
Pra sempre bruxa será
Porque não tem reversão.

Como ela não oferece ouro,
Nem qualquer outra riqueza.
Oferece a maldição!
Para qualquer indefesa,
Já na hora da morte faz
Essa grande malvadeza.

E para cumprir-se a sina,
A bruxa vai atazanar,
Com essa vida infernal!
Ela passa a perturbar,
E por onde vai passando
Ninguém pode sossegar.

Um troço feio e fedido
Vive de aterrorizar.
E quando ela vira um pássaro,
Dana-se pra assobiar!
Se sobrevoa uma casa
Faz homem se acovardar.

Com o assobio estridente
Faz valente estremecer,
E para livra-se dela
Ele deve prometer:
Que no dia seguinte
Deve vir pra receber.

No dia seguinte ela volta
Toda cheia de razão!
Com longo vestido preto
Entra e bate o pé no chão!
Ali ou pagam a promessa´
Ou recebe a maldição.

Vem com todo desaforo
Brava querendo bater.
Se receber um agrado,
Trata em desaparecer,
Mas se algo ali der errado
Alguém vai se arrepender.

Sem agrados ela some,
E a sina há de se cumprir,
Pois quando essa velha volta
Vem só para conferir
Perturba e até pragueja
E diz que um mal há de vir.

Dizem que ela é terrível
E bastante persistente.
Tem um jeito assustador
Quando surge de repente,
Nas matas ela faz farras
Assusta qualquer valente.

E seja em casa ou na mata
Ande sempre preparado!
Se sabe do que ela gosta
Consigo leve um agrado,
Para acalmar essa bruxa
Se acaso for abordado.

A pessoa tem que ser
Esperta e meia marrenta!
Oferecendo-lhe o agrado
Pra despistar a nojenta.
Peixe, tabaco, cachaça
E café acalma a agourenta.

Há quem diga ser possível
A Matinta alguém prender,
Para isso existem uns truques
Estude para aprender´
Porque se algo der errado
Você vai se arrepender!

Esse é assunto sério
Com bruxa não há brincadeira.
Então pense e pense bem!
Pois ela é sorrateira,
E além de muito esperta
Também é bem trapaceira.

Para prender a Matinta
Faça uma boa armadilha.
Precisa ter grande fé!
E conhecer sua trilha,
Mas se tiver bom preparo
Nem sequer a arma engatilha.

Então veja os apetrechos
Comece pela tesoura,
Rosário Bento e uma chave,
Tenha virgem a vassoura,
Mas não esqueça que a Matinta
Pode ser imorredoura.

Comece enterrando a chave
No apropriado local.
Depois espete a tesoura
Siga o cerimonial.
Amarre o rosário bento
Completando o ritual.

A vassoura será usada
Se a bruxa você pegar,
Para varrer o local,
Quando a bruxa libertar.
Uma boa varrição
Evita o mal espalhar.

Mas dentre tantas falácias
Existe a melhor versão,
Talvez essa seja a única,
Que cause uma reversão
Mas é preciso ter fé
Pra acabar a maldição.

Essa os medrosos fazem
Bem antes de cair no bredo:
Gritando a palavra: "Deus"!
Mesmo morrendo de medo
Só "ELE" desfaz o mal,
Sem precisar de segredo.

Mas, e se ela aparecer
Pronta para perturbar.
E simplesmente você!
Resolve tudo ignorar,
Assuma todos os riscos,
E conte-nos, "se escapar".

Este pode ser um novo.
Capítulo desta história,
Pois de tudo o que sabemos
Em toda sua trajetória
Até hoje ninguém...
Saiu contando vitória.

E vamos reconhecer
Que ela é travessura.
Começando pelo Norte
Falar dela, não é censura,
Porque todas as histórias
Fazem parte da cultura.

Numa lenda regional
Fala-se de um casamento
Da Matinta com o "Boto".
Algo sem contentamento;
Bafo de fumo e cachaça,
Para o Boto era tormento.

Jamais um rapaz fidalgo
Lorde bonito e charmoso!
Todo galanteador
Que além disso é cheiroso
"Viveria com um troço"!
Tão fedido, e tão maldoso.

E assim ela continua
Solteira e perambulando
Surgiu recentemente
Teve até gente filmando
Na BR Belém Brasília
Ao vivo e perturbando.

Há quem garanta que viu
A bruxa tão mal falada,
Com os braços cabeludos
Caminhando pela estrada,
Bolsa e vestes de mulher
Tudo da bruxa citada.

Dizem que ela apareceu
Sempre tentando atacar,
Até quem estava de carro
Ela tentou intimidar
Isso dá para entender,
Que ela não é de brincar.

Bem na era do WhatsApp
Dá pra todo mundo ver!
Seja em qualquer um lugar,
Que ela queira aparecer
Bom seria ver os vídeos!
Dos que tentarem correr.

É, mas aparições dela
Causou grande bafafá!
E contaram que ela vem
Direção ao Pará!
Tomara que ela nem pense,
Em passar por Marabá.

Porque só de pensar nisso
Tem uns de cabelo em pé
Já outros guardando fumo
Cachaça, peixe e café
Mas quem acredita em Deus
Sustentam-se só na fé.

Lusa silva
 21/03/2021



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