segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O vampiro que descobriu o Brasil



Após ler o livro de Ivan Jaf
Em sua quinta Edição
Convidei meus alunos 
Dei logo as instruções
E assim conseguimos
Fazer essa produção

O comerciante Antônio
Com trinta anos de idade
Deparou-se sem querer
Numa estranha realidade
Não aceitou ser vampiro,
Era contra a imortalidade.

Antônio não era ambicioso
Tinha uma vida normal,
Trabalhando em Lisboa
Tomava vinho com bacalhau.
Não entendia de política,
Mas embarcou com Cabral..

Sem querer ser vampiro
Sua vida virou confusão.
Até que o velho Domingos,
Deu-lhe toda instrução.
Daí Antônio foi a luta,
Pra sair da maldição.

O vampiro Domingo
Querendo ou não ajudar,
Disse-lhe que a maldição
Era difícil acabar
E que era entre os políticos
Que ele devia lutar.

Ele passou a conviver
Com políticos famosos,
Viu toda trama política
Sem querer ser aleivoso,
Desde do Rei D. Manuel
Até F. Henrique Cardoso.

E mesmo sem ter convite
Nem ser pelo Rei enviado,
Veio ao Brasil com Cabral,
De um jeito inusitado.
Dentro dum barril de vinho,
Por ele mesmo despachado.

Navegando pelo mar
O medo era quase real.
Isso porque esqueceu
Que era um imortal,
Só lembrava da família,
Do vinho e do bacalhau.

Assim mesmo decidiu
Não dormir em caixão.
E sugava as ratazanas,
Que encontrava no porão.
Tudo isso pra se livrar
Daquela cruel maldição.

Cada dia era mais difícil,
Água e comida acabando.
O povo irado com Cabral,
Alguns já até se rebelando,
Mas na calada da noite
O velho seguia atacando.

Parte da tripulação
Só comia diariamente
Meio quilo de biscoito
Duro, mofo e fedorento.
E com as bordas roídas,
Por animais peçonhento.

Teve uma tempestade
Duas naus desapareceu.
Antônio chegou a pensar
Que o velho se escafedeu.
Mas logo no dia seguinte
Outra vítima apareceu.

As caravelas aportaram
Aos vinte e dois de Abril.
Antônio chegou junto,
Dentro de seu barril.
E nesta data que dizem
Que descobriram o Brasil.

Quando ele saiu do barril
Viu a tripulação bem agitada.
Avistou belas mulheres
Completamente peladas.
Antônio por um momento,
Esqueceu sua vida complica.

Não foi preciso interprete
Entre Índio e Português
Também foi pouca conversa,
Pra o Índio virar freguês
O português só queria tudo,
Não tinha nada de cortês.

Assim o velho continuava,
Sugando besteiro e soldado,
Mas desse tipo de sangue,
Já estava bastante abusado.
Meu Deus! E os Índios?
Agora será eles coitados...

Antônio estava convicto
De que era o velho João.
Porque mesmo disfarçado,
Em tudo chamava atenção.
Tinha medo da forma de cruz,
Que aparecia na constelação.

Era primeiro de maio
Após uma celebração.
Frei Henrique de Coimbra
Com parte da tripulação.
Organizou a partida
De volta a sua nação.

As Naus e as Caravelas
Ainda estavam espalhadas.
Naquela belas praias
havia uma cruz espetada.
Fogueiras assando peixes,
Antônio ficou desconfiado.

Já farto de sangue de ratos
Agora queria sangue diferente.
E sem pensar duas vezes,
Saiu logo de mata a dentro.
Mas mesmo na escuridão,
Viu algo bem surpreendente.

Deparou-se sem querer,
Com um estranho animal.
quatro pernas e duas asas,
Era um bicho anormal.
Tentou chegar mais perto,
E  viu uma cena brutal.

Era mesmo o Frei Henrique
A um Índio agarrado.
E logo Antônio entendeu,
Que não era um Batizado.
O bom padre estava mesmo,
Sugando o pobre coitado.

Antônio tinha pressa,
E ficou muito nervoso,
Preparou logo a estaca,
Mas estava muito ansioso.
Não acertou o coração
Daquele Velho maldoso.

E como a estaca de carvalho
Não atingiu o coração,
O que era indispensável
Pra desfazer a maldição.
A alma voltou para o corpo,
E o velho sumiu na escuridão.

Antônio pegou sua estaca,
Triste e desorientado.
No meio da mata escura,
Sentiu-se desamparado
Retornou antes do sol
Pra um barril abandonado.

Mesmo inconformado,
Ele segui em frente.
Aprendeu grandes truques
Era um vampiro inteligente
Ficava no meio do povo,
Pensando até que era gente.

Assim se inteirou dos fatos
Desde os tempos de Cabral.
Viu a madeira vermelha,
Ser trocada pelo metal.
E Portugal perdendo
O monopólio comercial.

O governo de FHC
Não atraiu sua atenção.
Mais uma turma do PT.
Chegaram metendo a mão.
E ganharam notoriedade,
Com um tal de Mensalão.

Encontrou Marcos Valério.
Em um hotel luxuoso.
Empresário cheio da grana,
Um cara meio tinhoso.
E pra distribuir grana?
Não teve mais corajoso.

Só se sabe que o dinheiro´
Veio do Banco Real.
A mando de gente grande,
Ministro e deputado federal.
E ainda ficaram negando,
Na maior cara de pau!

Nesse quinhentos anos
Nunca vi tanta moleza.
Eram malas de dinheiro,
No Palácio e na igreja.
Dólar até nas cuecas,
Num país de tanta pobreza.

Este cordel foi produzido,
Com os alunos da EJA.
Só pra incentivar a leitura,
Foi legal tenham certeza.
Mas se você não gostou,
Perdoem a nossa franqueza.


Uma produção da Professora Lusinete Com os alunos da EJA da antiga e já extinta Escola Nazaré Barbosa. Este cordel é uma reprodução do Livro o "O Vampiro que descobriu o Brasil" do poeta  Ivan Jaf.